quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Linhas e Riscos


Nós pessoas somos um ser estranho. Desde que deixamos de nos limitar ao que a natureza nos reservou, de sermos apenas seres humanos, biologicamente capazaes de rápidas mudanças nos hábitos alimentares e com um elevado grau de sucesso nas habituações a mudanças climatéricas, tudo se tornou mais estranho. Racionalizamos a estrutura social ao longo dos séculos, desenvolvemos novas capacidades intelectuais e demarcamo-nos de todos os seres com quem partilhamos este frágil espaço reduzido que viaja pelos céus de forma tão metódica, tão natural, perfeita. Nós, ao invés da ordem natural, evoluimos não através de músculo mas sim de inteligência.

No entanto não conseguimos, obviamente, fugir a essa condição animal, de sermos humanos. E tal como todos os mamíferos, defendemos o nosso território de todos os invasores e procuramos sempre alargar esse mesmo território por sermos o macho alpha. O problema é que não usamos as substâncias quimicas que a natureza nos ofereceu e que todos os outros animais usam..nós evoluimos não foi? Pois é. Passamos de urinar nas arvores para olhar para o infinito tentando convencer o próximo que tudo o que é visivel é 'meu'. Depois inventaram as linhas imaginárias denominadas por fronteiras, o inicio de um país e o fim de outro. E tornou-se moda..

O nosso planeta já teve tantos países como povos. Depois de guerras mundiais, de colonizações de novos mundos, da queda do Muro de Berlim em '89, já inventamos novos países. Este domingo foi a vez do Kosovo. Depois de Timor, entregue ao caos social e político, é a vez do Kosovo passar a singrar nos livros da História como país, com direito a linhas imaginárias, hino e bandeira. Parabéns ao novo país e que tenha muito sucesso num canto do globo propício a relembrar sempre velhas memórias, velhos ódios. Claro que a UE e os EUA já reconheceram que as linhas existem enquanto que a Sérvia e Russia ainda não olharam para o novo mapa político. Material suficiente para uma nova guerra? Depois de casos 'bem sucedidos' como Timor, Israel, entre outros é de admirar a coragem kosovar.. Não é de admirar, porém, que os senhores da guerra estejam já a preparar-se para o novo mundo de oportunidades. Uma pergunta que vos deixo: a localização dos mísseis americanos em solo europeu apontados à Russia já está decidido? É que ouvi dizer que existe um país novo, um daqueles que da noite para o dia decidiu tornar-se independente, quando todo o mundo pedia cautela a esse sonho antigo do povo kosovar..

Pois é, caros leitores. Nada do que parece é, na realidade política. Uma coisa é a vontade do povo, sempre soberano, outra completamente oposta é a de usar essas vontades para interesses próprios. A seguir ao Kosovo, o 'holofote' mundial estará apontado para Chipre, esse pedaço de terra pertencente à Grécia. É que a Turquia fica mesmo ali ao lado..

Está na moda criarmos países e está na moda esquecer os que já existem não é Birmânia?

quarta-feira, maio 02, 2007

Liberdade Esfumada?



Se, o pensamento liberal e radical advém da contínua experiência humana através de um pavilhão multiusos de abusos constantes por parte do poder variável (na sua ideologia) mas sempre pertencente a uns poucos homens com boas ou más intenções, então é francamente justo que se assuma que a Revolução seja contra-natura politica e socialmente. Na Evolução natural do Homem, através das várias Idades Históricas, fica patente uma privação da liberdade humana de uma forma crescente até atingir o pico nos dias de hoje por mais que o tentem esconder numa falsa democracia, numa verdadeira lavagem cerebral e ideologica dos actuais poderosos. O caminho que os nossos antepassados percorreram foi demasiado longo e privados de descanso e sossego.

A luta neste novo século é de re-criarmos e radicalizarmos novamente os nossos ideais de liberdade extrema complementado por um sistema político que nos ofereça garantias positivas de satisfação colectiva. O futuro não passa por grandes centros económicos, não passa pelas grandes decisões sociológicas mas antes por uma escolha individual de um recuo ao passado. Iremos ingressar em pequenas comunidades para assegurar a sobrevivência do comum, pequenas vilas de controlo próprio e de uma hierarquia social participativa.

No entanto, e antes que tudo isso aconteça, é necessário batalhar contra o império dos opressores e sempre ao lado dos oprimidos. Nesta sociedade esquizofrénica em que tudo o que o dinheiro pode comprar é permitido, desde que o tal status quo seja alto o suficiente para brilhar acima da Constituição da República Portuguesa, poderemos nós, certos da informação que nos rodeia, manter a prisão marginal de uns quantos que fumam uns charros?! Certo também que nas altas hordes da sociedade tudo passa impune e ainda são aplaudidos pela sua irreverência cocaínada venho por este meio dar o meu contributo escrito, em prol da MGM Porto (Movimento Global pela Marijuana) no dia 5 de Maio pelas 15:00horas no Marquês. Estão obviamente todos convidados a participar nesta grande festa da liberdade!

P.S. Liberalizaram o aborto mas as drogas leves continuam a ser um "flagelo" para.. quem exactamente??

quarta-feira, abril 25, 2007

Controlados Absolutos



Maquiavel percepção da guerra
Indominante senso do comum.
Nestes 4 cantos vivemos
Privados de uma justiça
Que se imagina cega
Mas é palpável nos bolsos
dos de muito.

Para os demais, certinhos que estão
Nesta parede encostados e perfilados,
Dominados por uma espada dura
Que se lê Constituição,
Nada querem e nada têm.

Controlados Absolutos!

Para os demenos,
O simples processo de respirar torna-se
Pesado com este oxigénio de leis,
Com um dioxido carbonado de poder
Esmagador.

A justiça é rica e nós somos pobres.
O poder é forte e nós somos fracos.

Valha-nos ao menos a Liberdade..
A Liberdade de os mandar à
Merda!

terça-feira, março 20, 2007

Sem Título


E já vão 4 anos. A guerra capitalista, de interesses, de terror oferecido pelos polícias do mundo num país sem liberdade desde que a CIA colocou no poder Saddam Hussein. A ironia da imagem é bela de facto: Empurrado para o poder, Saddam enviou tropas para exterminar o fundamentalismo islâmico do vizinho Irão fazendo um favor aos EUA e ao mundo "livre". Hoje o Iraque luta pela sobrevivência da sua independência, numa guerra civil. O Irão continua com os seus fundamentalistas e ameaça o Ocidente. Os EUA continuam a sua cruzada cristã de violência pago pelo poderio monetário ganho às custas de trabalhadores que nada têm. Como podem eles ter a falta de bom senso de pagar por bombas e não por médicos?? Como esperam aguentar a investida da sua religião se se matam a eles próprios?! Que povo repressivo e discriminatório é este que quer ser dono do mundo?!? Que raio de deus é o deles que os impele para todas as guerras sanguinárias?!

O que fomos nós fazer.. Somos prostitutas com bandeira. Oferecemos tudo o que era nosso pela protecção senil de uma nação podre de princípios com 50 estrelas no seu território e no entanto nenhuma, nenhuma brilha tanto como uma bomba. Correm todos para as trincheiras com uma cruz ao peito e uma fé inabalável no seu poder. Irão cair, irão tombar mas continuarão a rezar ao deus do dolár, ao deus da opressão, da repressão, da censura, do genocídio, ao deus ditaturial do dinheiro, ao deus do capitalismo, esses deuses de promessas e de traições, de facas espetadas nas costas impregnada com as suas impressões digitais.

Não existem ateus nas trincheiras mas deuses também não..

domingo, fevereiro 25, 2007

Psicodrama




Fúria. Quando aconteceu o Big Bang? Quando aconteceu essa revolução mediática? Onde se viu Deus? Dessa vez apenas?! Dessa vez a revolta era assim tão enorme? Demasiado enorme para aguentar a banalidade de energia compactada numa bola de fogo? E agora? Onde está a nossa bola de fogo enervada?! Irritada pelo amor à revolução, onde está esse vermelhidão gasoso? Quando ligamos os neutrões e electrões da TV o que vemos? Morte, traição, censura, corrupção.

Crianças e outros. Outros que seriam alguém e crianças que seriam outros. Violência gratuita é o que se oferece por estas bandas de revolta universal compactada. Um dia vai ser o fim do mundo e o que iremos fazer? Assistir pela televisão, por essa máquina de lavagem cerebral que nos ensina a matar de borla a nossa própria raça. Aplaudiremos excitadamente a forma como vemos o sangue a jorrar. Matança? A matança assistiram os nosso antepassados, os nossos pais e avôs que nos defenderam e ensinaram o que era a revolução necessária. Usamos os seus ensinamentos?

O ódio que pertence à evolução baleada. A raiva que entende a evolução alvejada pelos exércitos traidores de Abril. Onde está a nossa Liberdade?!?! Onde está essa suposta revolução?? Onde está esse fim à censura?? Onde está o fim da violência?! A democracia é uma farsa!!!! Esse conceito utópico e enganador em si próprio não é mais que um capitalismo fraco que nunca será forte enquanto houver exércitos revolucionários!! A democracia aguenta-se no frágil envolvimento do voto liberal! Se o voto realmente fizesse a diferença seria ilegal..

Quem entender o que está escrito que o diga.

sábado, janeiro 27, 2007

Atropelo


Jornal de Notícias de hoje, sábado 27 de Janeiro, página 38. Se tiverem oportunidade leiam.. Caso não tenham a minha opinião fica aqui registada.

Na Declaração dos Direitos da Criança adoptada pela Assembleia das Nações Unidas em 20 de Novembro de 1959 da qual todos os países, cuja assinatura figura na Carta das Nações Unidas, proclamam perante o mundo no seu Príncipio 7º e transcrevendo: "A criança terá ampla oportunidade de brincar e divertir-se, visando os propósitos mesmos da sua educação; a sociedade e as autoridades públicas empenhar-se-ão em promover o gozo desse direito." Ora, sendo a sociedade parte integrante e essencial para o desenvolvimento psíquico da criança e de igual forma, caso se assuma como autoridade pública, as escolas contribuem com uma fatia enorme para o desenvolvimento da mesma nas mesmas circunstâncias. O caso:

Uma professora da escola do 1º ciclo de Almedina, em Coimbra, obrigou uma destas crianças a usar um cartaz ao peito de onde todas as restantes crianças e respectivos tutores poderiam ler: "Sou agressivo, não tenho o direito de brincar. Estou de castigo." Esta professora, cuja sociedade a assume como pessoa culta e digna, cometeu um autêntico atropelo aos Direitos da Criança promovendo ainda mais a exclusão de que algumas crianças, sendo ou não diferentes, sofrem por este mundo fora. A professora assume que fez o que fez após se terem "esgotado as metodologias possíveis" e vai daí obriga a criança a passar pela vergonha e pela humilhação de transportar o cartaz para o espaço recreativo da escola durante um intervalo. É lógico que a criança aprendeu com os erros que cometeu, já que era acusado de comportamentos agressivos reincidentes, e ficou agradado com o castigo que lhe fora imposto. Ou não..

São medidas como esta, que nem nos tempos ditaturiais se verificou (ou pelo menos que se saiba..), que traumatizam uma criança que terá certamente maiores dificuldades de aceitação por parte dos colegas e obviamente piores condições de integração na sociedade adulta. Sociedade esta que permite acções deste género.. Como medida de coação que tal obrigar a professora a usar um cartaz durante o tempo de aulas dizendo: "Sou estúpida, não tenho o direito de julgar. Estou despedida." Claro que tal não se vai verificar até porque os professores não têm apoio psicológico suficiente por parte do Ministério da Educação. A questão: As crianças têm?? Esta criança sofre de hiperactividade logo acusa dificuldades de controlo de comportamento. Onde estão os psicólogos neste caso?? Onde está o apoio à criança? Onde se está a cumprir o pressuposto no Princípio 5º: "À criança incapacitada física, mental ou socialmente serão proporcionados o tratamento, a educação e os cuidados especiais exigidos pela sua condição peculiar."?

sexta-feira, janeiro 19, 2007

O bom, o mau e os vilões..

Estava para aqui a pensar que seria um regresso fácil referir de novo a questão da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) mas não o vou fazer. Pelo menos para já.. Além do mais ainda recentemente o fiz no outro blog e tinha prometido que só o voltaria a fazer quando conseguisse estabelecer uma ordem de ideias e, acima de tudo, uma posição inegável acerca da minha intenção de voto. Sendo assim, salvo alguma catástrofe, só depois do dia 11 de Fevereiro é que falarei desta temática. No entanto, a questão da morte anda tão em voga que não resisto a uma pequena passagem pelas areias quentes iraquianas para falar da pena de morte aplicada ao ex-ditador Saddam Hussein.

Foi assassínado uma ser humano à boa maneira do far-west americano ou seja enforcado. A novíssima democracia iraquiana policiada por militares americanos começou a sua vida por aplicar a morte a uma pessoa com um passado histórico recente no seu país quebrando de imediato vários direitos fundamentais do homem. É lamentável que não exista agora nenhum super exército do super odiado Bush que invada o país para assegurar a liberdade e segurança dos iraquianos. Parece-vos coincidência que antes da noticiada morte do ex-ditador iraquiano, independentemente das movimentações políticas ocorridas na América com os democratas a ganharem lugar aos republicanos, o Bush tenha despedido o senhor da guerra Donald Rumsfeld e tenha contratado um novo senhor da guerra, Robert Gates, para criar um plano de fuga honroso para os EUA?? A mim não. A guerra não passou de uma caça ao homem e, de uma vez mais, uma tentativa de lucrar com os recursos naturais do país. Desenganem-se os que julgaram que estes três anos e meio em que a guerra do Vietiraque já leva, serve para levar liberdade e segurança a um povo que morre todos os dias em frente a esse exército libertador. Quando a permanência dos EUA terminar o que vai sobrar é uma guerra civil como aconteceu na Somália no inicio da década de 90.

Em 2008, irá haver eleições nos EUA.. A questão que vos coloco é: serão os americanos capazes de distinguir genocídas hitlerianos de pessoas capazes de gerir o seu país sem interferir em mais nenhum elevando assim o verdadeiro sentido da palavra independência?